Não li no Público, mas descubro nos
Marretas que « Pacheco Pereira escreveu ontem no Público que não se pode entender a direita portuguesa em 2003 sem conhecer os blogues que pertencem à União dos Blogues Livres». Foi das minhas primeiras e agradáveis conclusões. Há alguns anos que sei que há uma direita muito melhor, muito mais inteligente, livre, capaz de discutir, argumentar, ser mais tolerante do que a esquerda e, sobretudo, capaz de pensar. Conheço alguma dessa direita (e também sei que nem toda a direita de que fala JPP é assim - tal como conheço a outra, que me irrita provavelmente mais do que se fosse de esquerda, porque aos olhos de quem apenas conhece essa, ela cola-se-me inevitavelmente à pele, e eu não me revejo nem quero ser seu reflexo.
Insisto. Também eu notei isso, embora talvez com menos surpresa do que outros. O que me pergunto é, porque é que esta direita é tão menos visível - ia dizer invisível mas não me apetece forçar o argumento ao exagero - fora da net, sobretudo fora dos blogs? Ainda não tenho uma explicação, ou sequer uma teoria, mas uns anos de experiência destas discussões e a descoberta da blogosfera levam a arrancar com duas hipóteses.
Em primeiro lugar, esta direita agora descoberta tem pouco acesso à comunicação social, porque - e isso é lugar comum - o universo das redacções dos jornais admira-se mais com a esquerda e cataloga a direita antes sequer de a ler ou conhecer.
Em segundo lugar, mais do que um território democrático - e a democracia não é em todas as circunstâncias uma virtude em si mesma - a blogosfera é um território livre, e esta direita é sobretudo uma direita com marca de liberdade. - Por muito que a esquerda o recuse, a liberdade é mais cara à direita ( a esta direita de que falamos agora), sobretudo a liberdade individual. Mais. Aqui pensa-se e fala-se mais do que se age, e nesta matéria o individualismo também é assim.
Por fim, há um lado que
o Abrupto há-de considerar quando escrever as suas notas sobre o jornalismo político de O Independente, que foi o seu contributo para esta nova direita. Querem apostar que a maior parte destes bloguistas passaram os olhos por lá quando eram novos? Eu aposto. E com isto não quero, de maneira nenhuma, dizer que eles são o que o jornal era. Quero só dizer, e já não terá sido fraco contributo - que o jornal abriu um universo que era desconhecido.
Ainda bem que se começa a perceber que há esta direita.