Vítima do progresso
O campo tem hoje uma luz nova. Melhor dizendo, cinco holofotes espampanantes que incendeiam o vale e se avistam a léguas. É um posto transformador da Rede Eléctrica Nacional, que para além de iluminar, pelos vistos precisa de estar iluminado.
A necessidade de um posto eléctrico aqui é compreensível, serve para alimentar a electrificação da linha férrea do sul. Ou seja, serve o progresso - e uma boa causa, reconheço. Lamentavelmente, incomoda-me. Tapa-me o luar, rouba-me céu e dá-me ares de cidade quando eu vim aqui à procura do campo.
E agora? E agora, nada. Sou só mais uma vítima do progresso. E o progresso é mais importante do que eu.
Mas, mesmo assim, há uma última coisa que me perturba. Será mesmo necessário iluminar por cem hectares um posto eléctrico? Não podiam enfiar aquilo num vale solitário? Posso não ter razão nenhuma, mas parece-me ser apenas mais um caso de manifesto desleixo no ordenamento do território. Aquilo é importante, poê-se ali. Incomóda, é mal localizado? Que se lixe.
A necessidade de um posto eléctrico aqui é compreensível, serve para alimentar a electrificação da linha férrea do sul. Ou seja, serve o progresso - e uma boa causa, reconheço. Lamentavelmente, incomoda-me. Tapa-me o luar, rouba-me céu e dá-me ares de cidade quando eu vim aqui à procura do campo.
E agora? E agora, nada. Sou só mais uma vítima do progresso. E o progresso é mais importante do que eu.
Mas, mesmo assim, há uma última coisa que me perturba. Será mesmo necessário iluminar por cem hectares um posto eléctrico? Não podiam enfiar aquilo num vale solitário? Posso não ter razão nenhuma, mas parece-me ser apenas mais um caso de manifesto desleixo no ordenamento do território. Aquilo é importante, poê-se ali. Incomóda, é mal localizado? Que se lixe.