Thursday, July 31, 2003

Não fui de férias

Um Blog - este pelo menos, que eu não mando no blog de ninguém nem quero mandar - não é um diário obrigatório. Por isso, quando não se tem nada para dizer, quando o que se quer dizer é demasiado intímo para um blog ou quando o tempo não deixa, fica assim, quieto, vazio.

To whom it may concern:
Não fui de férias, simplesmente não vim aqui. Voltei. Espero não me ter perdido no regresso.

O vazio também tem um sentido

.

Tuesday, July 22, 2003

A esquizofrenia de Lula. E da esquerda radical.

A visista de Lula fez uma parte do país entusiasmar-se porque o homem era um radical democraticamente eleito, e outra porque o cavalheiro estava cada vez mais sensato e menos radical. Além, claro, da expectável curiosidade em ver um velho sindicalista barbudo agora de fato e gravata a frequentar palácios e limusines.
Como é habitual, o foclore esconde o essencial. E aqui o essencial é a esquizofrenia do PT e de Lula. Como já se sabia desde o tempo da campanha eleitoral, se o PT for o "PT" e Lula o "Lula", o desastre é evidente. Se deixarem de ser, a cisão é inevitável. Ou melhor,mais precisamente, ou pior, pode ser que a esquizofrenia impere e um e outro tentem ser ambas as coisas. A única virtude dessa opção é o futuro assim não ser nem evidente nem de contornos inevitáveis. Mas a isso dificilmente se pode chamar de virtude.

Mas para perceber isso e muito mais, o ideal é ler a entrevista de Denis Rosenfield à Veja desta semana.

Monday, July 21, 2003

Maldade

Nos homens inteligentes a maldade é uma opção.

Auto-estrada

De sul para norte ganha-se em luz o que se perde em céu.
Prova inequívoca de que vamos por mau caminho.

distante

Nenhum navio
pode cruzar o mar
que nos separa

«Só por existir
só por duvidar
tenho duas almas em guerra
e sei que nenhuma vai ganhar

Só por ter dois sóis
só por hesitar
fiz a cama na encruzilhada
e chamei casa a esse lugar

E anda sempre alguém por lá
junto à tempestade
onde os pés não têm chão
e as mãos perdem a razão

Só por inventar
só por destruir tenho as chaves do céu e do inferno
e deixo o tempo decidir

...

E anda sempre alguém por lá
junto à tempestade
onde os pés não têm chão
e as mãos perdem a razão

Só por existir
só por duvidar
tenho duas almas em guerra
e sei que nenhuma vai ganhar»

Jorge Palma


Quando não se escreve assim, copia-se.

De volta

Em Lisboa há
2002 carros iguais ao teu.

Segui-os todos.

Sunday, July 20, 2003

#18 A esquerda , os blogs e O Independente

Já tinha dito que gostava do que via à direita na Blogosfera, das razões que encontrava para aparecer por aqui uma direita assim e da influência que O Independente poderá ter tido nesta gente. Obviamente não me vou repetir. Já tenho poucos leitores que cheguem, e isto é só uma entrada para o que queria dizer.

Continuo a descobrir Blogs e desta vez apeteceu-me ver mais de perto os da esquerda. Claro que encontrei, como esperava, os que repetem argumentos que eu sempre achei básicos, os que não distinguem a direita do Mal, e os que pararam no tempo mesmo tendo chegado à Internet. Mas também descobri outros.
Como sou calão, e ainda estou a aprender a pôr esta coisa a funcionar, fico-me por um de que nunca esperei gostar.
Passo a explicar. O Ivan Nunes era um dos meus ódios de estimação no tempo em que era, como ele diz o "Ivan Nunes". Talvez porque me irritava ter de reconhecer que ele era inteligente, que fazia coisas em vez de apenas berrar e arrastar-se pelo Pedro Nunes. Talvez também porque frequentávamos meios semelhantes, talvez porque o ar de queque de esquerda me irirtasse particularmente. E com certeza também porque nunca concordei com o que dizia ou escrevia, e simpatizar com a pose menos ainda. No Público não o lia para além do primeiro parágrafo, porque sabia que me ia irritar. Hoje li-o pela primeira vez aqui, e gostei. Podia ser por causa da referência séria que faz à Economist, por questionar e brincar com a própria esquerda ou apenas por já não me ter irritado. Mas não. Foi sobretudo porque me fez pensar. Li-o depois do post que escrevi sobre a direita e o Independente, e percebi que também à esquerda a marca tinha sido grande. Era óbvio que sim, mas para mim tinha sido mais interessante pensar na marca deixada à direita.
O Independente pode ter tido - e teve, e teve - imensos defeitos, erros, falhas, disparates e inutilidades, mas abriu um espaço e marcou muita gente. Só isso já é muito - claro que aguardo com curiosidade o dia em que à esquerda reconhecerem que não foi só o MEC que fez o lado bom de O Independente, mas isso talvez seja cedo para pedir.

Gosto de ter ódios de estimação. E amores também. São os meus preconceitos, conheço-os e vivo bem assim. Mas não me importo nada de perder alguns.

#19 Ver o Mundo

A gritaria constante contra Bush e Blair esquece-se sempre da mesma pergunta. Conhecem mais algum líder mundial que esteja a ver o que se passa o no mundo?

Ler o que Blair foi dizer ao Congresso Americano é ler uma visão do Mundo. Ainda por cima acertada. Para lá das actividades circenses dos Fóruns Sociais daqui e dali, o que é que os outros "líderes" pensam? Os europeus, têm uma visão do Mundo? E a esquerda mundial, pensa o quê?

*

À porta do Chelsea Hotel, em NY, está uma placa dedicada a Brendan Beham que diz mais ou menos assim: "To America, my new found land. Who ever hates you, hates the human race."



# 18 Blair

«Tell the world why you're proud of America. Tell them when the Star-Spangled Banner starts, Americans get to their feet, Hispanics, Irish, Italians, Central Europeans, East Europeans, Jews, Muslims, white, Asian, black, those who go back to the early settlers and those whose English is the same as some New York cab driver's I've dealt with ... but whose sons and daughters could run for this Congress. »

«Tell them why Americans, one and all, stand upright and respectful. Not because some state official told them to, but because whatever race, color, class or creed they are, being American means being free. That's why they're »

#17 Blair

«In Mexico in September, the world should unite and give us a trade round that opens up our markets. I'm for free trade, and I'll tell you why: because we can't say to the poorest people in the world, "We want you to be free, but just don't try to sell your goods in our market." »

#17 Blair

«Can we be sure that terrorism and weapons of mass destruction will join together? Let us say one thing: If we are wrong, we will have destroyed a threat that at its least is responsible for inhuman carnage and suffering. That is something I am confident history will forgive. »

«But if our critics are wrong, if we are right, as I believe with every fiber of instinct and conviction I have that we are, and we do not act, then we will have hesitated in the face of this menace when we should have given leadership. That is something history will not forgive. »

«There is no more dangerous theory in international politics than that we need to balance the power of America with other competitive powers; different poles around which nations gather. »

«And I believe any alliance must start with America and Europe. If Europe and America are together, the others will work with us. If we split, the rest will play around, play us off and nothing but mischief will be the result of it. »

#16 Blair

Today, none of us expect our soldiers to fight a war on our own territory. The immediate threat is not conflict between the world's most powerful nations.

And why? Because we all have too much to lose. Because technology, communication, trade and travel are bringing us ever closer together. Because in the last 50 years, countries like yours and mine have tripled their growth and standard of living. Because even those powers like Russia or China or India can see the horizon, the future wealth, clearly and know they are on a steady road toward it. And because all nations that are free value that freedom, will defend it absolutely, but have no wish to trample on the freedom of others.

We are bound together as never before. And this coming together provides us with unprecedented opportunity but also makes us uniquely vulnerable.

And the threat comes because in another part of our globe there is shadow and darkness, where not all the world is free, where many millions suffer under brutal dictatorship, where a third of our planet lives in a poverty beyond anything even the poorest in our societies can imagine, and where a fanatical strain of religious extremism has arisen, that is a mutation of the true and peaceful faith of Islam.

And because in the combination of these afflictions a new and deadly virus has emerged. The virus is terrorism whose intent to inflict destruction is unconstrained by human feeling and whose capacity to inflict it is enlarged by technology.

This is a battle that can't be fought or won only by armies. We are so much more powerful in all conventional ways than the terrorists, yet even in all our might, we are taught humility.

In the end, it is not our power alone that will defeat this evil. Our ultimate weapon is not our guns, but our beliefs.

«There is a myth that though we love freedom, others don't; that our attachment to freedom is a product of our culture; that freedom, democracy, human rights, the rule of law are American values, or Western values; that Afghan women were content under the lash of the Taliban; that Saddam was somehow beloved by his people; that Milosevic was Serbia's savior.

Members of Congress, ours are not Western values, they are the universal values of the human spirit. And anywhere... »

#16 Eles querem mudar o mundo

Uma pequena parte do País parece que se entusiasmou com a vinda a Portugal do Sr Baltazar Garzon. Por incrível que possa parecer, parte dessa parte do País eram advogados, que o convidaram e tudo. Acho estranho. O homem, como se nota pelos epítetos com que é referido por todo o lado, acredita que é um Justiceiro. Gente civilizada devia ter medo de Justiceiros - e de outras criaturas que pretendem mudar o mundo ao gosto da sua superior inteligência e conhecimento. Não gosto de Justiceiros. Aliás, tenho pânico quando vejo um. Por alguma estranha e incompreensivel razão, a rapaziada que quer mudar o mundo nunca o quer fazer como eu acho que devia ser feito. É por isso que eles me metem medo. É que eu não quero mudar o mundo, mas eles querem. E às vezes tentam.

*
A propósito, lembro-me vagamente de uma frase do MEC que resume o melhor conservadorismo que conheço. Qualquer coisa como: «eu não quero mudar o mundo, quero apenas fazer o que sei. Se o mundo o quiser aproveitar e com isso melhor, óptimo».

#14 Há direita

Não li no Público, mas descubro nos Marretas que « Pacheco Pereira escreveu ontem no Público que não se pode entender a direita portuguesa em 2003 sem conhecer os blogues que pertencem à União dos Blogues Livres». Foi das minhas primeiras e agradáveis conclusões. Há alguns anos que sei que há uma direita muito melhor, muito mais inteligente, livre, capaz de discutir, argumentar, ser mais tolerante do que a esquerda e, sobretudo, capaz de pensar. Conheço alguma dessa direita (e também sei que nem toda a direita de que fala JPP é assim - tal como conheço a outra, que me irrita provavelmente mais do que se fosse de esquerda, porque aos olhos de quem apenas conhece essa, ela cola-se-me inevitavelmente à pele, e eu não me revejo nem quero ser seu reflexo.
Insisto. Também eu notei isso, embora talvez com menos surpresa do que outros. O que me pergunto é, porque é que esta direita é tão menos visível - ia dizer invisível mas não me apetece forçar o argumento ao exagero - fora da net, sobretudo fora dos blogs? Ainda não tenho uma explicação, ou sequer uma teoria, mas uns anos de experiência destas discussões e a descoberta da blogosfera levam a arrancar com duas hipóteses.
Em primeiro lugar, esta direita agora descoberta tem pouco acesso à comunicação social, porque - e isso é lugar comum - o universo das redacções dos jornais admira-se mais com a esquerda e cataloga a direita antes sequer de a ler ou conhecer.
Em segundo lugar, mais do que um território democrático - e a democracia não é em todas as circunstâncias uma virtude em si mesma - a blogosfera é um território livre, e esta direita é sobretudo uma direita com marca de liberdade. - Por muito que a esquerda o recuse, a liberdade é mais cara à direita ( a esta direita de que falamos agora), sobretudo a liberdade individual. Mais. Aqui pensa-se e fala-se mais do que se age, e nesta matéria o individualismo também é assim.
Por fim, há um lado que o Abrupto há-de considerar quando escrever as suas notas sobre o jornalismo político de O Independente, que foi o seu contributo para esta nova direita. Querem apostar que a maior parte destes bloguistas passaram os olhos por lá quando eram novos? Eu aposto. E com isto não quero, de maneira nenhuma, dizer que eles são o que o jornal era. Quero só dizer, e já não terá sido fraco contributo - que o jornal abriu um universo que era desconhecido.
Ainda bem que se começa a perceber que há esta direita.

Friday, July 18, 2003

Identificação

Desde o começo que tinha esta dúvida. É legítimo o anonimato dos Blogs? Por mim sim. Não é cobardia, é dar mais jeito, mas admito que posso estar enganado. Por enquanto mantenho-me assim, discretamente e anónimo. Mas faço o que é mais humano. Vou lendo por aí, e sabendo que o país é curto e repetido, dou por mim a tentar identificar quem leio. Apetece-me descobrir que gosto de ler quem detesto ver, que simpatizo com as ideias de quem não gosto, que posso desfazer os meus preconceitos - que tenho e gosto de ter. Andei às voltas - como se nota - e acho que descobri alguns anónimos - pelo menos não vem assinado o Blog, mas se calhar é por aqui já toda a gente sabe quem são. Há vários, mas porque fazia questão de ser anónimo, e porque anda a discutir um tema antigo que me interessa - a comunicação social- , e porque fazer links ainda me dá um grande trabalho - deve haver maneiras mais fáceis - escolho o P. , até pelo seu post 112. A propósito, vou começar a numerá-los. Ando com alguma vontade de ordem. Na minha vida, estejam descansados, na dos outro não quero mandar.
Parabéns pelo filho.

A primeira vez

Se fosse um escritor, é como se tivesse plantado numa cadeira à esquina mais próxima de uma livraria no dia em que foi publicado o meu primeiro livro. Escondo-me atrás de um jornal, e espreito a ver se alguém passa, se alguém entra, se alguém lhe passa ao de leve a mão pela capa.
Chego a casa e aterro no computador com uma curiosidade nova. Passou o primeiro dia com mail no blog. Haverá sinais de vida? Rastos?
Há. A Ana, que eu nem desconfio quem seja, passou por aqui. Fui lido, como quer quem escreve sem ser em blocos de notas que ficam escondidos numa gaveta.
Não sei porquê - ou até sei - e gosto.

A culpa

Apanho a discussão a meio. Diz o Aviz , em resposta a um outro post, sobre preconceitos, que não tem preconceitos contra a culpa, que sem ela seríamos muito mais selvagens e arrogantes. E eu concordo. Muito. Sem culpa não havia desculpa, sem culpa não havia perdão, ou porque pedi-lo. Herdei este desgraçado sentimento de culpa, de responsabilidade, de dever, de saber qual o dever ser e o que fiz ou não, intencionalmente ou não. Preciso de me sentir culpado. De acreditar que há culpados, e que eu também posso ser um deles. E que há uma fronteira, breve por vezes, que separa a responsabilidade com culpa e sem culpa. Não herdei a culpa, herdei a capacidade de senti-la. Por isso não me sentirei culpado dos prazeres que aprecio, mesmo que me anunciem as mais severas punições, divinas ou não. Mas sentirei, e sinto, culpa do mal que fiz, que faço, e que hei-de fazer.

Wednesday, July 16, 2003

E.

Gostava de ser um
espelho para me ver.
Sem reflexos.

Três da manhã

Era Verão
Eu fazia frio
e tu abraçavas-
-me

Consegui?

Transformei o desgraçado do aviz em vítima das minhas experiências. Como não faço mal a quase ninguém, não deve ser grave.

Duas horas

a ler blogues. Comecei há quatro dias, anda não escrevi nada, já tenho trinta favoritos e a coisa ameaça piorar - ou melhorar. Continuo a aprender. Depois verei.

Sunday, July 13, 2003

o meu primeiro blogfriend

ainda não tenho nada de interessante para dizer, mas parece que já tenho quem me tenha visto. http://www.aviz.blogspot.com/ - deve haver uma maneira de fazer isto de forma simpática e civilizada, mas ninguém explica. POr enquanto sou apenas uma experiência.

impressiono-me

com facilidade, se calhar. Já circulei e descobri que haverá 900 blogs portugueses, mas são sempre os mesmo 20 que reencontro. Talvez não seja mau. Bom sinal é o que encontro à direita. Na Blogosfera a direita soube chegar primeiro e assumir o espaço da liberdade. Por uma vez a direita portguesa não se esconde, não se envergonha e - melhor que tudo - não envergonha quem a lê. Escreve com inteligência e humor (se já soubesse fazer links para os que tenho gostado, fazia) e com doses bem razoáveis de cultura. Eu sabia que eles existiam, só que quase nunca os encontrava. Aqui estão. Ainda bem

Saturday, July 12, 2003

O que já descobri

que há muitos, que há pancada suave, que há de esquerda direita - civilizadas ou não - , e que ainda agora cheguei e já tenho dúvidas em continuar. Para já permaneço obscuro e discreto. Como a TVI no tempo em que se via porque tinha "boas séries e bons filmes".
Porra, ainda agora comecei e já estou a dizer mal de alguém.

Mudei

Existência breve e já com dúvidas. Menos mal.

Friday, July 11, 2003

Será que

isto sou eu?

para já gosto

Continuo a falar sozinho, mas para já gosto de ter começado a existir num dia de verão, sem grande humor. Os médicos não dizem nada, mas também não lhes foi perguntado. Sou a minha criação.

Existo

É estranha esta coisa de ser eu a decidir da minha existência. Mais um bocadinho e comecei. Como quero. Sim, posso escolher a cor, o formato, se quero ser público ou privado. Sou o meu pai e a minha mãe. quem vou eu poder culpar quando as coisas correrem mal? Logo se verá. Para já, existo. Logo mais, penso