Um dos meus fascínios diários é ler estes títulos da análise da Bolsa do Público. E depois imaginar mil histórias.
Wednesday, January 07, 2004
"Trambolhão no BCP arrasta Lisboa para o 'Vermelho'".
Um dos meus fascínios diários é ler estes títulos da análise da Bolsa do Público. E depois imaginar mil histórias.
Um dos meus fascínios diários é ler estes títulos da análise da Bolsa do Público. E depois imaginar mil histórias.
Tuesday, January 06, 2004
A lamentável inutilidade do PR
O senhor Presidente da República terá toda a razão naquilo que disse. Lamentavelmente não serve de nada tê-lo dito.
É que há menos de dois meses disse praticamente o mesmo e, como se nota, a eficácia é manifesta.
Enquanto não se penalizar os jornalistas pela violação do segredo de Justiça (ou permitir ao menos que os visados possam processar os jornais por violação dos seus direitos - direito ao respeito pelo segredo de justiça), de nada servem estas magníficas discursatas.
A liberdade é uma virtude absoluta. Quem a usa é quem nem tanto
É que há menos de dois meses disse praticamente o mesmo e, como se nota, a eficácia é manifesta.
Enquanto não se penalizar os jornalistas pela violação do segredo de Justiça (ou permitir ao menos que os visados possam processar os jornais por violação dos seus direitos - direito ao respeito pelo segredo de justiça), de nada servem estas magníficas discursatas.
A liberdade é uma virtude absoluta. Quem a usa é quem nem tanto
Sunday, January 04, 2004
Coisas simples
Passado quase um ano, dez pessoas foram acusadas no processo Casa Pia, tendo sido extraídas certidões que poderão levar à abertura de novos inquéritos envolvendo outros arguidos e/ou outros crimes.
Para já, a defesa de alguns dos arguidos anunciou que iam requerer a abertura de instrução onde, havendo já contraditório, é possível demonstrar a implausibilidade da acusação. No fim da instrução, o Juiz decide quais os arguidos que serão levados a julgamento. Até lá é possível que as situações de prisão preventiva se mantenham, ou que sejam alteradas por iniciativa do MP, ou por decisão do Juiz de instrução.
Só os arguidos acusados é que são suspeitos da prática de qualquer crime e só esses, se for esse o entendimento do tribunal de instrução, é que irão a julgamento.
As provas, de ambas as partes, serão apresentadas em tribunal, que profere a sentença.
Tudo o resto é enxofre. O cheiro é péssimo e, no caso, não tem qualquer utilidade.
Para já, a defesa de alguns dos arguidos anunciou que iam requerer a abertura de instrução onde, havendo já contraditório, é possível demonstrar a implausibilidade da acusação. No fim da instrução, o Juiz decide quais os arguidos que serão levados a julgamento. Até lá é possível que as situações de prisão preventiva se mantenham, ou que sejam alteradas por iniciativa do MP, ou por decisão do Juiz de instrução.
Só os arguidos acusados é que são suspeitos da prática de qualquer crime e só esses, se for esse o entendimento do tribunal de instrução, é que irão a julgamento.
As provas, de ambas as partes, serão apresentadas em tribunal, que profere a sentença.
Tudo o resto é enxofre. O cheiro é péssimo e, no caso, não tem qualquer utilidade.
Liberal, sim.
A liberalização dos combustíveis deu direito a variadas reclamações, da Deco à esquerda diz-se que vai ficar mais caro, que há casos onde há risco de monopólio, que liberalizar é aumentar os preços. E por aí fora.
Admito que sim. Que a gasolina amanhã não vá descer, que depois de alguma concorrência aconteça como nos telemóveis e o mercado seja distribuído entre os fornecedores de forma mais ou menos pacífica. Como também admito que vão aparecer mais cartões com pontos, promoções e tudo o que serve para tentar fidelizar clientela sem reduzir os lucros.
Mas há uma coisa que ninguém me explica: por que raio os preços dos combustíveis deveriam ser tabelados pelo governo? É uma questão de fé? Ou é simples e regular ódio ao mercado.
É que se o problema é os preços aumentarem, garanto que se o Estado desatasse a tabelar os preços todos e a impedir aumentos, ficava tudo mais barato. Depois... Bom, já se tentou, lá mais para Leste. Acabou mal.
Admito que sim. Que a gasolina amanhã não vá descer, que depois de alguma concorrência aconteça como nos telemóveis e o mercado seja distribuído entre os fornecedores de forma mais ou menos pacífica. Como também admito que vão aparecer mais cartões com pontos, promoções e tudo o que serve para tentar fidelizar clientela sem reduzir os lucros.
Mas há uma coisa que ninguém me explica: por que raio os preços dos combustíveis deveriam ser tabelados pelo governo? É uma questão de fé? Ou é simples e regular ódio ao mercado.
É que se o problema é os preços aumentarem, garanto que se o Estado desatasse a tabelar os preços todos e a impedir aumentos, ficava tudo mais barato. Depois... Bom, já se tentou, lá mais para Leste. Acabou mal.
Torga.blogspot.com
Cada um tem o seu livro, ou livros, que dava um bom blog. Para mim era fácil: os Diários ,de Torga.
De vez em quando passo-lhes os dedos, abro as páginas das velhas edições da Coimbra, brancas e azuis ou encarnadas ou acastanhadas e tenho mais um pouco de pena do tanto que nunca lerei.
De vez em quando passo-lhes os dedos, abro as páginas das velhas edições da Coimbra, brancas e azuis ou encarnadas ou acastanhadas e tenho mais um pouco de pena do tanto que nunca lerei.
Pior é sempre possível
Saddam, matá-lo ou não? No Diário Digital quem quiser pode votar.
Será possível combinarmos que há um limite de estupidez abaixo do qual não se desce? Dava jeito.
Será possível combinarmos que há um limite de estupidez abaixo do qual não se desce? Dava jeito.
Eu contra o mundo
Estão cinco graus lá fora, ou menos. O céu transparente tem estrelas como no verão e não se ouve absolutamente nada.
Aqui há uma lareira, Paganini e quase felicidade. Pelo menos conforto.
Aqui há uma lareira, Paganini e quase felicidade. Pelo menos conforto.
Saturday, January 03, 2004
O horror. Nada de novo, portanto.
Três dias depois de se saber que foi deduzida a acusação no processo Casa Pia - não confundir com ser conhecida a acusação, que por enquanto só vai sendo conhecida aos poucos, ao sabor de conveniências, presume-se - já há quem faça prognósticos e avaliações definitivas, com a soberba dos ignorantes.
No Público já se declarou que os arguidos "têm alibis". Nem sequer se usou o irresponsabilizante "alegam ter". Não senhor. Têm. Se o Público diz que têm, é porque têm. De resto, hoje mesmo, o mesmo Público declara que uma das vítimas do Processo Casa Pia terá de ser o Procurador Geral da República. Porquê? Porque acusou? Não. Porque se chegou ao fim do inquérito de um processo que ameaça ser complicado sem, como no tempo de Cunha Rodrigues, se saber primeiro pelos jornais o conteúdo da acusação e só depois os próprios serem de facto acusados, quando eram? Não. Porque o PGR em três dias fez três comunicados, em resposta a notícias dos jornais revelando, dizem lá eles, uma desorientação só comparável à do PS quando Pedroso foi preso. Estes rapazes do Público são notáveis, resolvem em três dias um processo de milhares de páginas. Deve ser a isto que eles chamam celeridade da Justiça.
A duzentos quilómetros de Lisboa, e sem ver televisão nem ler jornais - sobram as versões da internet que dão sempre uma perspectiva diferente, perde-se a noção do impacto - há coisas que incomodam.
Se alguém imaginava que alguma coisa de boa podia sair daqui, estava enganado desde o princípio. Tudo o que vamos descobrir é mau. Mesmo se descobrirmos que finalmente alguma instituição funcionou, vai ser pelas piores razões.
Mas, para já, convinha começar por desfazer o mito de que a comunicação social tem o grande mérito nisto tudo. Não tem coisa nenhuma. A comunicação social revelou o Bibi e depois deu conta de umas coisas que teriam acontecido em décadas passadas. Do que agora se fala, nada foi investigado pela comunicação social. Convém tentar não baralhar.
Pior. A comunicação social está a usar, da forma mais rasteira, os pingos de informação que vai obtendo e depois faz números de trapezismo, e critica o que ela própria fez. Querem um exemplo? Quem revelou, em tons excitados, que havia uma carta anónima a referir o PR? A comunicação social. E que fez depois? Berrou, indignada, que aquilo era um escândalo, porque obviamente haveria quem se fosse aproveitar para espalhar a lama. E quem tinham sido essas almas putrefacatas que tinham desatado a dizer nome de Sampaio inovido no escândalo Casa Pia? A própria da comunicação social. Aquela coisa do mal e da caramunha, é isto.
Mas eu tenho uma curiosidade. E quando surgirem os primeiros nomes de outros partidos que não do PS, como vai ser? Também vão gritar de escândalo que se tenham incluído nomes contra os quais - o PGR entretanto já garantiu - "não há quaisquer elementos probatórios" ? Ou vão dizer que finalmente há um equilíbrio, como se isto fosse mesmo uma questão política?
Tem graça, não há-de ser por acaso que desde a prisão de Paulo Pedroso, o Público passou a incluir a Justiça na secção da política. Mas depois criticam muito a politização da Justiça. Eles devem ser muito inteligentes.
Deve ser do tempo. Do frio que faz, ou do tempo que passou desde a última vez que aqui estive, como diria o senhor Almirante Américo. Deve ser do tempo, dizia, mas apetece-me um post longo. Continuo, portanto.
Por enquanto ainda não sabemos os detalhes, mas em breve ficaremos a saber quem acusa quem de ter posto o quê onde, e quem garante que estava com isso e mais o resto em outra parte qualquer do mundo. Não vai faltar muito para vermos os jornais assumirem-se como entidades absolutamente capazes de julgar tudo isto. Mostrem o processo, as provas da acusação e os argumentos da defesa e vão ver como qualquer editor de jornal se sente em condições de julgar, condenar, absolver e o mais que for preciso. Estes rapazes são muito inteligentes.
O pior é que o país assiste a isto com um misto de suspeita confirmada - no fundo o país "sempre soube que eles", seja lá isso o que for, "eram culpados", e nojo. "No fim digam-me como é que isto ficou", dizia alguém sensato por estes dias, numa dessas mesas de pós-ano novo. Só que o fim está muito longe. Até lá os jornais vão escorrer lama, os detalhes vão ser sórdidos e, sobretudo, vai haver muita opinião definitiva. Vai ser um horror, portanto. Nada de novo.
No Público já se declarou que os arguidos "têm alibis". Nem sequer se usou o irresponsabilizante "alegam ter". Não senhor. Têm. Se o Público diz que têm, é porque têm. De resto, hoje mesmo, o mesmo Público declara que uma das vítimas do Processo Casa Pia terá de ser o Procurador Geral da República. Porquê? Porque acusou? Não. Porque se chegou ao fim do inquérito de um processo que ameaça ser complicado sem, como no tempo de Cunha Rodrigues, se saber primeiro pelos jornais o conteúdo da acusação e só depois os próprios serem de facto acusados, quando eram? Não. Porque o PGR em três dias fez três comunicados, em resposta a notícias dos jornais revelando, dizem lá eles, uma desorientação só comparável à do PS quando Pedroso foi preso. Estes rapazes do Público são notáveis, resolvem em três dias um processo de milhares de páginas. Deve ser a isto que eles chamam celeridade da Justiça.
A duzentos quilómetros de Lisboa, e sem ver televisão nem ler jornais - sobram as versões da internet que dão sempre uma perspectiva diferente, perde-se a noção do impacto - há coisas que incomodam.
Se alguém imaginava que alguma coisa de boa podia sair daqui, estava enganado desde o princípio. Tudo o que vamos descobrir é mau. Mesmo se descobrirmos que finalmente alguma instituição funcionou, vai ser pelas piores razões.
Mas, para já, convinha começar por desfazer o mito de que a comunicação social tem o grande mérito nisto tudo. Não tem coisa nenhuma. A comunicação social revelou o Bibi e depois deu conta de umas coisas que teriam acontecido em décadas passadas. Do que agora se fala, nada foi investigado pela comunicação social. Convém tentar não baralhar.
Pior. A comunicação social está a usar, da forma mais rasteira, os pingos de informação que vai obtendo e depois faz números de trapezismo, e critica o que ela própria fez. Querem um exemplo? Quem revelou, em tons excitados, que havia uma carta anónima a referir o PR? A comunicação social. E que fez depois? Berrou, indignada, que aquilo era um escândalo, porque obviamente haveria quem se fosse aproveitar para espalhar a lama. E quem tinham sido essas almas putrefacatas que tinham desatado a dizer nome de Sampaio inovido no escândalo Casa Pia? A própria da comunicação social. Aquela coisa do mal e da caramunha, é isto.
Mas eu tenho uma curiosidade. E quando surgirem os primeiros nomes de outros partidos que não do PS, como vai ser? Também vão gritar de escândalo que se tenham incluído nomes contra os quais - o PGR entretanto já garantiu - "não há quaisquer elementos probatórios" ? Ou vão dizer que finalmente há um equilíbrio, como se isto fosse mesmo uma questão política?
Tem graça, não há-de ser por acaso que desde a prisão de Paulo Pedroso, o Público passou a incluir a Justiça na secção da política. Mas depois criticam muito a politização da Justiça. Eles devem ser muito inteligentes.
Deve ser do tempo. Do frio que faz, ou do tempo que passou desde a última vez que aqui estive, como diria o senhor Almirante Américo. Deve ser do tempo, dizia, mas apetece-me um post longo. Continuo, portanto.
Por enquanto ainda não sabemos os detalhes, mas em breve ficaremos a saber quem acusa quem de ter posto o quê onde, e quem garante que estava com isso e mais o resto em outra parte qualquer do mundo. Não vai faltar muito para vermos os jornais assumirem-se como entidades absolutamente capazes de julgar tudo isto. Mostrem o processo, as provas da acusação e os argumentos da defesa e vão ver como qualquer editor de jornal se sente em condições de julgar, condenar, absolver e o mais que for preciso. Estes rapazes são muito inteligentes.
O pior é que o país assiste a isto com um misto de suspeita confirmada - no fundo o país "sempre soube que eles", seja lá isso o que for, "eram culpados", e nojo. "No fim digam-me como é que isto ficou", dizia alguém sensato por estes dias, numa dessas mesas de pós-ano novo. Só que o fim está muito longe. Até lá os jornais vão escorrer lama, os detalhes vão ser sórdidos e, sobretudo, vai haver muita opinião definitiva. Vai ser um horror, portanto. Nada de novo.