Tuesday, February 21, 2006

Ups, não faço coro

Começo por um aviso: não conheço a história bem, não li tudo sobre o assunto, não acompanhei de perto nem notícias do envelope 9 nem notícias das buscas. Mas há duas coisas que me parecem relevantes.

Não há profissões insusceptíveis de serem investigadas. Sobretudo se é possível que a explicação para o ocorrido passe, exactamente, por perceber como é que determinads pessoas conseguiram ver em determinados documentos o que mais ninguém tinha visto. Se isto é inaceitável para muitos, para mim não é forçoso que seja. A ideia de que é - sempre e em todo o caso - inaceitável que um jornalista seja investigado não defende a liberdade, ofende-a. Os jornalistas também podem cometer crimes. - não sei se é o que está em causa, mas oiço demasiadas declarações de princpío absolutas.

As discussões sobre Justiça - em especial Justiça Penal - Procurador e processos crime há muito que deixaram o domínio do razoável, sensato e inteligente. Há barricadas, lados, e só se pode estar de um ou do outro. Por este caminho a coisa só não implode porque é impossível implodir. Mas vai acabar mal. Este preto e branco é um perigo.

Por último, na Grâ-bretanha a regra sobre segredo de Justiça é outra e não consta que a liberdade de imprensa esteja em perigo lá.

Por favor não me respondam que o jornalismo e os jornalistas só respondem perante os leitores. Essa obsessão pelo mercado, em gente que em regra até desconfia do dito, nem me comove nem me parece argumento.

Às vezes ser necessário e justificado violar a Lei é substancialmente diferente de ser sempre necessário não haver Lei.

De resto, convinha perceber por que razão este PGR incomoda tanto mais do que o anterior, mas isso não é o que está aqui em dsicussão.

Um erro

O Mundo não fica nem um milímetro melhor ou mais seguro porque alguém que defende - ou defendeu - que o Holocausto não existiu é preso. A má-fé não se proíbe, muito menos prende. Combate-se.

Monday, February 13, 2006

Agostinho da Silva

Agostinho da Silva foi uma das melhores maneiras de ser português.

Wednesday, February 08, 2006

Federem-se

Quando as embaixadas de um país membro da União Europeia são incendiadas, o MNE português resolve emitir um comunicado onde nem de raspão fala em solidariedade com a Dinamarca. O nosso MNE - por acaso federalista - tem uma noção curiosa do que é uma Comunidade. Compreende-se. Em tempo de crise, em Portugal, como na maior parte dos países da UE, cada um trata de defender-se. Ignorando o vizinho, claro.

Comprimidos para rir

Para quem, como eu, não costuma concordar com a Aspirina B, é uma agradável surpresa achar-lhe graça.
Genial e sem necessidade de mais comentários.

Brincadeiras de meninos

Para quem se impressionou com a história do envelope número 9, a história das escutas na Grécia - que pode ser lida aqui - é bem mais exuberante.

Welcome a board

No DN de hoje Pedro Rolo Duarte faz um mea culpa que merece, no mínimo, um elogio de quem anda pelos blogues.

Papel passado

Havia várias razões para desconfiar da lucidez do ex-Professor Freitas do Amaral. O comunicado de ontem torna a presença perante junta médica perfeitamente dispensável. Portugal, diz o cavalheiro, lamenta a publicação dos cartoons (Portugal, onde se desenhou o preservatiovo no nariz do Papa e se escreveu o Evangelho segundo Jesus Cristo e, felizmente, ninguém bombou), mas em nada objecta aos ligeiros distúrbios que ocorrem no mundo islâmico. A partir deste momento este Portugal e eu temos um problema.

Crónica de uma morte anunciada

O movimento Alegre já nem o aborto quer discutir, porque o tema não é consensual. Se nem nisto acordam, acordam em quê? Como era de prever, o poeta voltou ao conforto do Parlamento e o movimento dirige-se para o seu destino: o fim. Oxalá não seja ruidoso.

Monday, February 06, 2006

Merkel on top

Segundo o Financial Times, Angela Merkel tem cerca de 80% de apoio nas sondagens, e 41% dos alemães confia que vão haver melhorias na sua economia. Se o nosso probelma fosse só de ambiente, havia boas nótícias. O pior é que, não sendo, pode ser que estas acabem por ser más notícias.

Não seja por isso, até porque não é isso que está em causa.

Os cartoons da Liga Árabe europeia estão aqui. Não são assim tão ofensivos, nem revelam grande sentido de humor, mas isso é irrelevante. É no facto de ninguém lhes ter incendiado a sede que está a diferença. Será assim tão difícil de perceber, ou querem que faça um desenho?

Sunday, February 05, 2006

Ver as diferenças

Mas será que o Eduardo Pitta acha mesmo que se fosse um jornal de referência a publicar cartoons as multidões já não incendiavam embaixadas? Insisto, o problema aqui não está nos cartoons, está na reacção.
Mais, será que o Eduardo Pitta não descobre com facilidade milhares de vezes em que outras religiões foram insultadas sem que alguma coisa idêntica acontecesse?

E, por favor,não me diga que nós fizemos as Cruzadas. Já lá vai um tempo, e esse não é o nosso paradigma civilizacional moderno, ou é, será que é isso que acha que somos?

Enfim, um bom pretexto para descobrir um bom blog.

MAS QUEM É QUE DISSE QUE ISTO ERA SOBRE A LIBERDADE DE EXPRESSÃO?

Olha, Ana,
isto acabou de acontecer: duas, ou já são três?, embaixadas - ou consulados - incendiados. É parecido, não é? É tudo a mesma coisa, não é? Como o jornal em causa merece pouco respeito - e a rapaziada do islão fez questão de referir esse detalhe - a tão amada liberdade de expressão não merece grande perda de tempo. E já não vou falar de novo do Papa e do preservativo ou de tanta Arte do século XX. Nada disso importa, porque a questão não é essa. A discussão não é sobre a liberdade de expressão - os cartoons foram publicados-, é sobre os limites da reação, é sobre o exercício da violência, é sobre os limites do confronto. É disso que se trata. Mas sobra um detalhe, não é curioso ameaçar à bomba quem desenha o profeta com um turbante em forma de bomba porque, dizem, isso é confundir os terroristas com a generalidade dos islâmicos? A menos que se trate de um súbito acesso de humor, a contradição é insanável.

E ai de quem invocar o Huntignton, esse proscrito.

Friday, February 03, 2006

Pedimos desculpa por este incómodo, em breve regressaremos à barbárie.

E quando estes milhões de moderados e cordatos crentes acharem que as nossas mulheres de cara destapada são uma ofensa às suas convicções?

Um filme que vai lucrar

Ainda não o vi, mas pelo título e pelo trailer, suspeito que http://www.imdb.com/title/tt0433116/ tendo um enredo substancialmente diferente, ainda assim tem alguma coisa a ver.
O Filme chama-se Looking for Comedy in the Muslim World e não consigo que o link funcione.

http://www.imdb.com/title/tt0433116/

Glória a Vós

Como não são muitas as vezes em que estou de acordo com o João Pedro Henriques , aqui fica a vénia devida pelo post.

A diferença entre um cartoon e uma bomba

Xenofobia Da Literatura O Acidental RMD E outros. Pelos vistos são muitos os que não percebem a diferença entre sentir-se incomodado, triste, ofendido, revoltado e ameaçar fazer explodir um lugar. Um pouco de memória e lembravam-se do Papa com o preservativo no nariz. Com certeza que muitos católicos se sentiram chocados e ofendidos. E muitos terão recusado voltar a comprar o Expresso, mas não consta que o tenham ameaçado de explosão.
Ninguém de bom senso recusa a possibilidade de haver uns quantos muçulmanos ofendidos, o que se recusa é a reacção. Ou melhor, o que incomoda é quem não percebe que a reacção é o que há de mais revelador. Nada de novo? Pelos vistos há quem não compreenda. Mas se querem mostrar alguma maior abertura de espírito, façam o trabalho de casa - sobretudo os que são jornalistas - e vão procurar os muçulmanos moderados, é a eles que neste momento falta palco.

Entretanto, no meio desta discussão descobri o Francisco José Viegas aqui . Mais um.

E aindy há mais

O António Ribeiro Ferreira também cá anda a solo.

O mundo visto de Bruxelas.

"L’objectif d’intégrer des communautés différentes par leur religion, leur culture ou leur affiliation politique guide mon action quotidienne en tant que Commissaire européen en charge des politiques d’intégration et de la défense des droits fondamentaux. Il s’agit d’ailleurs d’un objectif inspiré par un principe libéral qui régit la vie et l’histoire de notre continent, de l’Union européenne et de ses institutions. C’est pourquoi je comprends les sentiments d’affront, de frustration, voire de chagrin, que les communautés musulmanes ressentent, ces jours-ci, face aux dessins satiriques publiés par un journal danois. Des faits de ce genre ne facilitent certainement pas le dialogue entre religions et cultures ni le processus d’intégration, long et fatigant, dans lequel nombreux Etats membres de l’Union sont engagés."

Mais parmi les principes fondateurs de notre Europe figure également la liberté d’expression et par conséquence le droit de critiquer."
Comissário Franco Frattini

Primeiro as desculpas, depois a vaga evocação dos princípios fundamentais. A propósito dos cartoons dinamarqueses, a União Europeia revela a sua vocação para não perceber o que se passa à sua volta nem distinguir o que é importante. Há uns cartoons, e há uns tipos que reclamam de metralhadora em punho. Eles acham que têm de pedir desculpa.

Coisas sérias

O mais grave da vitória do Hamas não é o facto de um território ser governado por uma organização terrorista. O antigo Afeganistão não era exactamente uma equiba de futebol de salão, ainda que aqui a geografia torne a coisa mais grave.O problema é que esta vitória pode fortalecer o lado dos realistas no Partido Republicano, dando razão a quem acha que democratizar não é objectivo, propósito ou causa que justifique a política externa americana. Pode ser o fim prematuro da chamada Doutrina Bush (o homem é suposto ser uma besta mas lá até os comentadores de esquerda lhe reconhecem uma doutrina em matéria de política externa).

Antes que fosse tarde

O João Vacas ameaçou que ia escrever um post ofensivo. Foi só por isso que voltei. Mas já que aqui vim, se calhar fico. O último que disse eu fico foi-se embora uns dias depois, mas enfim.

O Mundo mudou

Desde que escrevi o último post, já lá vai mais de um mês, aconteceu muita coisa no Mundo, mas como já foi há tanto tempo, se calhar o melhor é falar só do que aconteceu na blogosfera e arredores. O Paulo mudou-se para a Atlântico e mais ou menos franchisou o Acidental. O meu belga preferido - e eu agora vivo no meio deles - regressou com 35 anos e um estilo diferente. E há a maior surpresa: a Constança Cunha e Sá, o Vasco Pulido Valente e até imagino quem seja o terceiro. Estando eu parado há meses, parece-me ridículo dar as boas vindas. E não gosto de dizer que gosto de quem se sabe que gosto. De qualquer maneira, confesso a minha supresa com uma história. Há uns seis meses disse ao Vasco Pulido Valente que achava que havia muita gente na blogosferea a escrever bem e que merecia a pena ser lida. Na altura fiquei com a sensação de que me olhou como quando lhe disse que tinha ido a Veneza ver uma exposição de Dalí. Que um dia escrevesse por aqui, isso nem tentei imaginar.
Para quem está longe de Portugal e ler os jornais nacionais é um exercício difícil e caro, lê-los aqui é um prazer e luxo muito bem vindo.

Não sei se vou continuar com este blog que há três dias tinha uma certidão de óbito pronta, mas tenho a certeza de que vou passar a vir mais à blogosfera.